ESPERA
A única luta que vale a pena travar é a luta pela paz.
A. Camus
Não nego desta vez as fontes e afirmo na prática a necessidade de montagem.
A primeira porta conduz a uma casa pequena ladeada de assentos, com tecto de cortiça e paredes forradas de tosco mosaico. Na segunda porta, correspondente àquela, havia uma caveira entre dois ossos com este letreiro:
Ó TU MORTAL QUE ME VÊS
REFLECTE BEM COMO ESTOU
EU JÁ FUI O QUE TU ÉS
E TU SERÁS O QUE EU SOU
(a continuar)
In: Modo Vocativo (1979)
Nota da autora:
Quando em Agosto de 1979 decidi escrever um livro sobre aquele espaço geográfico que considero minha terra natal, pelos laços afectivos profundos que a ele me ligam, o Luso e Buçaco, o meu pai, que era engenheiro silvicultor e natural do Luso, indicou-me um texto que eu devia ler. Eu queria incluir no meu livro um capítulo histórico sobre a Batalha do Buçaco, que conteve em Setembro de 1810 as Invasões Peninsulares, já que o espaço da Mata do Buçaco, onde morei com a minha família durante alguns anos, na casa com torreão mesmo ao lado do Palace Hotel, no coração da Mata, está cheio de memórias que testemunham dessa jornada histórica. O meu pai, que sabia os nomes, em português e em latim, de todas as árvores, plantas e flores, sabia também, para meu espanto, que existia na Biblioteca da Universidade de Coimbra um pequeno "Diário" de um frade que tinha assistido a todo esse episódio, desde a chegada de Lord Wellington ao Convento do Buçaco até ao final da Batalha de 27 de Setembro. Li fascinada o relato do frade, como se essa voz me chegasse viva, e resolvi dar-lhe voz no meu texto, através do processo de montagem, rendendo homenagem a este escritor quase anónimo, cuja voz e testemunho espero assim possam ecoar juntamente com a minha.
Nota da autora:
Quando em Agosto de 1979 decidi escrever um livro sobre aquele espaço geográfico que considero minha terra natal, pelos laços afectivos profundos que a ele me ligam, o Luso e Buçaco, o meu pai, que era engenheiro silvicultor e natural do Luso, indicou-me um texto que eu devia ler. Eu queria incluir no meu livro um capítulo histórico sobre a Batalha do Buçaco, que conteve em Setembro de 1810 as Invasões Peninsulares, já que o espaço da Mata do Buçaco, onde morei com a minha família durante alguns anos, na casa com torreão mesmo ao lado do Palace Hotel, no coração da Mata, está cheio de memórias que testemunham dessa jornada histórica. O meu pai, que sabia os nomes, em português e em latim, de todas as árvores, plantas e flores, sabia também, para meu espanto, que existia na Biblioteca da Universidade de Coimbra um pequeno "Diário" de um frade que tinha assistido a todo esse episódio, desde a chegada de Lord Wellington ao Convento do Buçaco até ao final da Batalha de 27 de Setembro. Li fascinada o relato do frade, como se essa voz me chegasse viva, e resolvi dar-lhe voz no meu texto, através do processo de montagem, rendendo homenagem a este escritor quase anónimo, cuja voz e testemunho espero assim possam ecoar juntamente com a minha.