Espera
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O general Freirion e o general Eble, convencidos da grande vantagem das posição dos aliados, também aconselharam a Massena que, em vez de obrigar Wellington a abandonar-lhe a sua formidável posição por meio de uma batalha atacando o boi pelos paus, tratasse de tornear a montanha. Massena, obstinado no seu propósito, contentou-se em responder: Vós que sois do exército do Reno, vós outros que gostais de manobrar, é a primeira vez que Wellington parece disposto a dar batalha; quero portanto aproveitar-me da ocasião... E tentava animar as tropas, dizendo: “Meus amigos, esta montanha é a chave de Lisboa, é preciso ganhá-la com a ponta das baionetas; esta vitória ainda, e repousaremos depois!”
No dia 26 ficou reunido na raiz da serra do Buçaco todo o exército francês; e no mesmo dia também todas as tropas aliadas se postaram na montanha.
Dia 26: Logo que se levantou, o general mandou sair para fora da mata todas as suas bagagens. Isto causou no convento um grande susto, tanto que alguns se aprontaram para fugir. Pelo meio-dia tornaram a voltar para o convento, e então é que mandou fazer o jantar. Todos ficaram algum tanto mais consolados.
Segundo Wellington, a força do exército francês era de 72.000 homens para 49.175 do exército aliado, sendo 24.000 ingleses e 25.175 portugueses. Quanto aos números exactos, as opiniões variam. Mas que nos interessam os números exactos? E no entanto se aqui os pus foi porque achei importante. Qual a importância, o peso da realidade, dos factos reais, na ficção? E o que estou a escrever, será só ficção?
Massena, vendo que fora a sua suposta queda para profeta que lhe preparara a queda, convoca o seu estado-maior e decide finalmente tornear o obstáculo.
Wellington, por seu lado, percebendo o movimento do exército francês, ordena logo uma bem ordenada retirada. Há quem diga que ele não soube tirar todas as vantagens da vitória e, por falta de confiança nas tropas portuguesas, não aniquilou de vez o inimigo. O certo é que se dirigiu para as formidáveis linhas de Torres Vedras, barreira invencível diante da qual o inimigo se quedou estupefacto, vendo impotentes todos os seus esforços.
Mais uma vez afirmo a necessidade de montagem. Havia vozes que procurei, vozes desconhecidas, escondidas, murmúrios semi-silenciosos em jeito vocativo. Tive de os escrever aqui. Ia para pedir desculpa, mas eles estão a acenar-me que não peça nada, que eles é que não me perdoavam não ter dado volume às suas vozes por descobrir.
(a continuar)
Modo Vocativo (1979)