Earl Grey, quase uma autobiografia de adolescência
"Tout bonheur est une innocence"
Marguerite Yourcenar
Earl Grey, Earl Grey é o meu chá da manhã (agora que começo a ter hábitos de gente crescida e já me autorizam a beber chá ao pequeno-almoço), esse nobre inglês cativou todo o meu ser matutino - mas não, mas não, foi Catarina de Bragança quem trouxe o chá para a corte inglesa -
Earl Grey é a minha festa matinal, o sabor amargo da bergamota ajuda-me a entrar no dia, estas transições são-me sempre difíceis - sei que a colega do quarto ao lado no lar de estudantes não mo surripia porque não gosta do aroma do Earl Grey - o nome em inglês é-me familiar, talvez por causa dos antepassados escoceses do meu avô materno, que vieram da Escócia para o Porto e se chamavam Messeder - mas não, Annie, esses provavelmente falavam gaélico - mas não, mas não, 2% da população da Escócia, ca. de 5 milhões de habitantes é que falam gaélico escocês hoje em dia - mas a história do antepassado escocês já foi no séc. XIX -
Earl Grey, eu gostava tanto de cantar, hoje é um novo dia e está um magnífico dia de sol, tal como ele levanta-te e brilha, rise and shine - mas cantar para quê, Annie, os tempos não estão para lirismos - mas Earl Grey, Earl Grey, hei-de hoje cantar o teu nome que já esqueci, e seja ele qual for, pois até já isso deixou de interessar, pelas ruas da cidade, e sem corar!
Earl Grey, eu gostava tanto de cantar, hoje é um novo dia e está um magnífico dia de sol, tal como ele levanta-te e brilha, rise and shine - mas cantar para quê, Annie, os tempos não estão para lirismos - mas Earl Grey, Earl Grey, hei-de hoje cantar o teu nome que já esqueci, e seja ele qual for, pois até já isso deixou de interessar, pelas ruas da cidade, e sem corar!
Chansonettes (2010)
Créditos da imagem: adiaspora.com